As dez regras de ouro de iluminação na casa

É verdade que gosto não se discute. A iluminação de nossa casa é um assunto muito pessoal e deve ser feita sob medida, não existe fórmula. Mas quem nunca caiu no erro de usar lâmpadas dicróicas na sala e não conseguir assistir televisão porque se sente ofuscado? Ou não utilizou lâmpadas que emitem muito calor no banheiro e transpira na hora de se maquiar? Isso sem contar aquela conta de luz gigantesca do fim do mês. Para evitar esse tipo de problema, mas preservar sua casa com a sua cara, confira as 10 regras de ouro na Iluminação na Casa da arquiteta e Light designer Neide Senzi, responsável pelos projetos de iluminação do Museu do Ipiranga, Teatro Municipal e Mercado Municipal, entre outros.

 
1. O projeto de iluminação de uma residência deve levar em conta não apenas a estética, mas a função de cada ambiente e a relação que o morador terá com ele. O posicionamento das luminárias deve ser pensado de acordo com a decoração, sempre levando em conta o aspecto funcional do cômodo. É importante descobrir o tipo ideal de lâmpada para o efeito de iluminação desejado e o posicionamento ideal que ela deve ter.   As características do produto devem atender às necessidades do ambiente, não o contrário.

2. Na cozinha, é preciso enxergar com precisão os alimentos. Por isso, o ideal para esse cômodo é utilizar lâmpadas com grande Índice de Reprodução da Cor (IRC). As lâmpadas incandescentes (como as halógenas e as dicróicas) são as que possuem maior IRC.

3. Na Sala de Estar, o ambiente precisa ser agradável e aconchegante. Para ter esse efeito o ideal é utilizar lâmpadas com aparência de cor amarelada. A iluminação focada, obtida com lâmpadas refletoras (como as dicróicas), é mais sofisticada, mas deve ser usada como cautela já que pode causar uma sensação de ofuscamento, dependendo da posição em que seja colocada. Elas também devem ser bem distribuídas porque não distribuem a luz pelo ambiente. A melhor opção é utilizar uma iluminação mais difusa, com luminárias suspensas.

4. No quarto, a luz uniforme e indireta é a que dá melhor resultado. Ela pode ser obtida com luminárias com filtros de acrílico ou vidro foscos. A iluminação precisa se ajustar às atividades que podem ser desenvolvidas no quarto - ler, ver televisão, namorar, trocar de roupa. Um recurso que costuma ser bastante útil é a dimerização, ou seja, um controle para a intensidade da lâmpada.

5. No escritório a iluminação deve ser focada em alguns pontos - nos livros e estantes e na mesa de trabalho. Mas também é preciso trabalhar para evitar o ofuscamento. Lâmpadas refletoras, por exemplo, podem incidir sobre a tela do computador e deixar o ambiente mais cansativo.

6. Se você gosta de brincar com diferentes cenas de iluminação, a sala de jantar é o melhor lugar. Dependendo do clima desejado - um almoço em família, um jantar a dois, uma recepção para os amigos - a iluminação pode ser modificada. Algumas opções de cena são: dois focos de luz em cima da mesa vindo do teto, que criam uma atmosfera mais intimista e deixam o resto da casa na penumbra; luz difusa sobre a mesa, que deixa o ambiente iluminado como um todo; arandelas para criar uma iluminação indireta e mais aconchegante, ideal para um almoço de família; ou um lustre pendente central, que poderia ter dimerização para controlar a intensidade da luz de acordo com a necessidade.

7. O banheiro é o cômodo onde mais se cometem erros de iluminação. A regra básica é: iluminação uniforme e intensa, principalmente na bancada da pia. As lâmpadas refletoras devem ser evitadas a todo o custo porque criam sombras no rosto e prejudicam as mulheres na hora de se maquiar e homens quando fazem a barba. Para o banheiro são indicadas luminárias com acrílico leitoso, vidro leitoso ou lâmpadas difusoras, como a fluorescente. A luz de camarim, que alguns usam no banheiro, também é bastante prejudicial para a aparência, já que cria sombras, e as lâmpadas são muito quentes, fazendo o usuário do espelho transpirar com facilidade. (essa iluminação só é usada no camarim para o artista simular a visão que a platéia terá dele: com luzes em foco).

8. É importante pensar na quantidade de luz realmente necessária em cada cômodo. Muito projetos exageram na quantidade de lâmpadas que, muitas vezes, focam em espaços que não precisariam de tanta luz e deixam escuros locais que deveriam ser mais iluminados. No jardim, por exemplo, é comum vermos lâmpadas de 300 watts sendo utilizadas em vários pontos de luz. Elas são desnecessárias. Lâmpadas com 70 watts de potência dariam um efeito bem semelhante com uma imensa economia de energia.

9. A cor das paredes do cômodo deve ser levada em conta para escolher a melhor forma de iluminá-lo. No caso de paredes mais escuras, que absorvem mais luz, o ambiente precisa de lâmpadas com maior intensidade. A aparência da cor da lâmpada também deve ser levada em consideração: se for amarela e incidir sobre uma parede azul, pode deixá-la verde e o usuário perde o efeito de cor que queria quando escolheu a tinta. Se o morador optar por tintas de cores mais claras, pode brincar com filtros coloridos sobre as lâmpadas e produzir efeitos de cor com maior versatilidade.

10. Toda lâmpada emite calor, umas mais outras menos. É importante, na hora da escolha da lâmpada, levar em conta sua emissão de calor. Lâmpadas incandescentes são as que mais emitem calor - colocá-las logo acima de uma poltrona para assistir televisão ou na praia farão qualquer um transpirar. É bom lembrar que, quando mais eficiente a lâmpada, menos calor ela emite - e mais o usuário economiza na conta de luz.
 

Notas adicionais de Ricardo Trauer.

Hoje em dia a tecnologia de lâmpadas LED fez seus custos baixarem e normas estão impondo o fim das lâmpadas incandescentes. Com a proliferação dos modelos de lâmpadas LED a escolha da melhor lâmpada ficou ainda mais dificil. E para piorar, as lâmpadas LED não costumam ser dimerizáveis e só alguns modelos é que realmente dimerizam bem. Quando for escolher lâmpadas LED que serão utilizadas em conjunto com automação o cuidado precisa ser redobrado, para garantir uma boa dimerização, sem surpresas ou efeitos indesejados. Existem muitos produtos bons e também muitos produtos ruins. Quem optar apenas pelo preço mais baixo não terá resultados satisfatórios na hora da automação e vai comprometer a economia. A Iluflex realiza muitos testes de produtos comercializados e coleciona boas e más experiências que os integradores credenciados reportam constantemente. Por isto aconselhamos a procura de um bom profissional que vai poder orientar bem o cliente na hora da escolha da iluminação e da sua automação. 

Aqui vão algumas dicas importantes para escolher bem as lâmpadas de LED.

1. Um bom projeto luminotécnico deve considerar a dimerização da iluminação. Isto é ainda mais importante nos ambientes que tem demanda variada, isto é, que demandam uma quantidade de iluminação diferente dependendo do momento. Por exemplo, na sala de TV ou hometheater, é importante reduzir a iluminação na hora de assistir um filme, para criar um ambiente mais agradável e que ao mesmo tempo ajude a ver melhor o conteúdo do filme mas sem deixar totalmente escuro. Outro bom exemplo é no quarto, onde se deseja menos luz, principalmente na hora de querer levantar no meio da noite, sem querar acordar alguém.

2. Lâmpadas de LED bivolt ou fullrange, que funcionam bem em qualquer tensão de alimentação não dimerizam. Só opte por estes modelos se for um circuito para ligar ou desligar. Isto porque ao variar a tensão de alimentação, o driver da lâmpada compensa essas variações. Não adianta insisitir, já testamos vários modelos que prometem dimerizar mesmo nessa condição, mas os resultados são ruins.

3. Atente para o fator de potência. Em geral as boas lâmpadas tem fator de potência superior a 0.95. As lâmpadas mais baratas chegam a ter fator de potência bem ruins, como 0.5. Não existe uma norma no Brasil exigindo qualidade no driver da lâmpada. E para piorar vários fabricantes simplesmente não cumprem o que está escrito nos manuais ou embalagens, pois é muito difícil alguém conseguir conferir se o que está prometido é atendido. Qual a consequencia disso ? Um fator de potência baixo vai gerar um aumento de consumo. Por exemplo, se uma lâmpada de LED de 10W tiver um fator de potência de 0,5 ela vai gastar 20W para produzir 10W de energia útil para alimentar o LED. Ou seja, você acaba pagando o dobro pela energia. Para piorar as coisas as lâmpadas com fator de potência baixo ainda vão gerar muito ruído na rede elétrica. Lâmpadas com fator de potência alto, são mais econômicas e mais eficientes. Então, uma lâmpada com os mesmos 10W e fator de potência 0.95 vai gastar 10,52W e ainda vai gerar menos ruído na rede elétrica.
 
4. A forma construtiva da lâmapda também interfere. Uma lâmpada de LED precisa dissipar o calor do LED, que ao contrário das lâmpadas incandescentes, não é irradiado. O calor é conduzido para o dissipador e este por sua vez troca calor com o ambiente por convecção. Isto é muito diferente e várias lâmpadas pecam nisso. A consequencia disto não aparece de imediato, pois a vida útil do LED reduz quando ele trabalha muito quente. Então lâmpadas com bom dissipador (metálico) terão vida útil maior do que lâmpadas com dissipadores pequenos ou de plástico. Em geral, quanto mais pesada for uma lâmpada, mais metal ela terá para ajudar a dissipar o calor e por consequencia deve ser mais cara. Mas pelo peso já podemos ter uma boa ideia de como ela foi construída. Então, na dúvida, prefira as mais pesadas.
 
5. Vida útil da lâmpada também varia bastante de modelo para modelo. O que muitos fabricantes não informam é a vida útil do driver, ou seja, da eletrônica que alimenta o LED. O chip do LED costuma ter vida útil bem superior ao da eletrônica. Capacitores eletrolíticos comuns não passam de 5 mil horas. Então de nada adianta a lâmpada ter 50 mil horas de vida útil se o driver vai pifar bem antes disso. 
Este é um bom motivo para preferir as lâmpadas que tem driver separado da lâmpada. Se o driver pifar, não precisa trocar tudo. E é bem provável que ele vai durar bem menos que o LED da lâmpada.
 
6. Na hora de escolher lâmpadas de LED dimerizáveis existem diversas tecnologias para dimerizar lâmpadas de LED. Basicamente existem os modelos que variam a itensidade mudando a tensão de alimentação (dimmers a base de TRIAC ou MOSFET). E existe um outro grupo grande de drivers que tem uma entrada de sinal de controle separada da alimentação. O primeiro grupo é preferido nos projetos simples, pois é bem mais fácil de instalar e achar. Porém o segundo grupo vai gerar um resultado bem melhor e é preferido nos projetos profissionais, nos auditórios e nos lugares onde se requer uma qualidade maior da dimerização. Neste segundo grupo, opte por drivers que tem entrada de controle de 0 a 10 V e utilize o IB-221 para controlar. Um dimmer pode controlar uma grande quandidade de drivers e nosso modelo ainda tem a vantagem de ter um relé para cortar a alimentação dos drivers quando as lâmpadas devem estar desligadas. Isto ajuda a reduzir o consumo de standby no caso da tensão de saída ser 0 V. Aproveite estes casos para também desligar a alimentação dos drivers, o que dimmer IB-221 da Iluflex já faz automaticamente.
 
7. Atente para o índice de reprodução de cores, o IRC. No início eles era bem ruins e só os LED´s muito caros tinham um bom IRC. Hoje em dia a tecnologia já evoluiu bastante e isso vem melhorando a cada ano. Mas ainda assim, para aplicações mais exigêntes, as lâmpadas com os melhores IRC´s serão mais caras que as com IRC mediano. Evite modelos que o IRC é abaixo de 0.7 que vai prejudicar a iluminação dos ambientes. Tome mais cuidado disso em ambientes como cozinha, sala de jantar, closet e áreas bem decoradas, para que a iluminação não mude as cores de alimentos, joias, quadros, roupas e acessórios. Nestes ambientes, o ideal é um IRC acima de 0.85. Para ambientes que tem obras de arte, o ideal é ter um IRC acima de 0.95.
 
 
 
 

 

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