Aumento no Custo da Energia Elétrica

Custo da energia elétrica pode favorecer segmento de LED

O aumento das tarifas de energia elétrica este ano pode favorecer as vendas de lâmpadas de LED, mais econômicas que as convencionais, afirmam representantes da Associação Brasileira da Indústria de Iluminação (Abilux).

Segundo o diretor administrativo da Abilux, Marco Martins Poli, a procura por alternativas que consumam menos energia é uma tendência para o ano e as lâmpadas fluorescentes compactas, que hoje lideram as vendas do setor, perderão cada vez mais espaço. "Hoje as lâmpadas de LED respondem por cerca de 8% do mercado, mas este ano essa participação deve ficar entre 10% e 12%", estima Poli.

A queda no preço das lâmpadas de LED (light-emitting diode, na sigla em inglês), maior impeditivo a adoção da tecnologia, deve ajudar a puxar a demanda, aposta o diretor técnico da Abilux, Isac Roizenblatt.

"O preço vem numa trajetória de queda nos últimos anos e esse movimento deve se manter, com o custo cada vez menor para o consumidor", acredita ele.

A Philips reduziu o preço do produto em mais de 50% no último ano. Em 2015 a estimativa é de alta de 30% nas vendas da linha de LED em 2015. "Esse incremento nas nossas vendas deve vir pela queda no preço e pela alta na conta de luz", explica a gerente de produtos da área de iluminação, Esther Pecher.

Para manter os preços baixos, a empresa tem absorvido parte da alta nos custos com importação, já que hoje a Philips não produz lâmpadas de LED no País. "Estamos tentando minimizar o impacto do câmbio para o consumidor, mas em algum momento acabamos tendo que repassar", diz ela. Com a alta na demanda pelo produto, a companhia estuda a abertura de uma linha de produção no Brasil, mas ainda não há uma data prevista.

Pecher conta que, na categoria de iluminação como um todo, o crescimento da Philips não será tão expressivo. Em 2015, a categoria deve avançar 5% e manter nos próximos três anos o movimento de migração para o LED.

A brasileira Taschibra, com fábrica em Santa Catarina, também vê na alta da tarifa de energia uma oportunidade para o segmento. "O LED tem um retorno de investimento muito rápido e quanto mais cara a energia estiver, melhor a situação para a troca por versões mais econômicas", diz o diretor comercial de varejo da empresa, Vagner Lourenço. Além disso, o executivo revela que os preços dos produtos caíram mais de 50% no ano passado, tornando o produto mais atrativo para o consumidor.

"Vamos ganhar muito mercado este ano, porque o preço vai cair mais ainda se o dólar não disparar", acredita ele. Como a Philips, a Taschibra importa lâmpadas de LED e tem sentido o impacto da desvalorização do real. "O dólar influência, mas, mesmo com o custo maior, ainda é viável a importação para manter a competitividade", defende o executivo.

Neste ano, a empresa espera que o valor faturado com as vendas de lâmpadas cresça 26% e o volume deve acompanhar esse resultado. Só as vendas da linha de LED, que no ano passado representaram 15% do faturamento, devem chegar a 20% em 2015.

Eficiência

"A economia gerada com o LED pode ter ainda mais impacto nos consumidores de baixa renda", acredita Isac Roizenblatt, da Abilux. Para ele, apesar da redução no custo, quando o consumidor de baixa renda compra uma lâmpada, ainda opta pela mais barata por falta de conhecimento ou dinheiro. "A solução nesse caso, passa pelo estímulo do Governo, que poderia incluir nos projetos do Minha Casa, Minha Vida, a instalação de lâmpadas de LED", explica o diretor técnico da Abilux.

"Com um acréscimo irrisório perto do custo de construção, isso geraria uma economia de mais de 50% nas contas de energia, um valor significativo no orçamento dessas famílias", diz.

A Abilux garante que tem mantido contato com representantes do governo nas esferas federal, estadual e municipal para levar alternativas de ganho de eficiência, que incluem pedido de desoneração fiscal e substituição da iluminação pública das cidades, mas até o momento não obteve nenhuma sinalização de adoção das medidas.

Procurado para comentar o assunto, o Ministério das Cidades não retornou ao pedido até o fechamento da reportagem.

PPPs

Atualmente, a iluminação representa 20% da energia elétrica consumida no País, sendo que a iluminação pública é 3,5% desse total. Roizenblatt destaca que, com a troca dos cerca de cinco milhões de pontos de iluminação pública existentes, a economia será o equivalente a 0,8% do consumo atual.

"Falta o pulo do investimento inicial."

Uma solução encontrada para as prefeituras para resolver o problema é a realização de parcerias público-privadas (PPP). "A vantagem da PPP é que quando a iniciativa privada faz a gestão, ela tem estímulos para investir em alternativas mais eficientes", explica o especialista em PPP e sócio da GO Associados, Fernando Marcato.

O especialista vê projetos de PPP para iluminação pública como uma tendência, assim como a adoção de tecnologias mais eficientes, mesmo que o custo inicial seja superior. "Esse é um grande filão e deve aquecer o mercado", acredita ele.

O ganho real de competitividade e economia no longo prazo, avalia Marcato, precisa ser assegurado no desenvolvimento do edital de concorrência, que deve especificar o limite de consumo das lâmpadas.

"Mas é normal que em algumas licitações de PPP a concorrência seja maior, como em projetos de grande porte, a exemplo de São Paulo", lembra.

A PPP para a troca e manutenção da iluminação pública da cidade de São Paulo, que começou a ser discutida em 2013, deve ganhar nova licitação em março deste ano, segundo a Secretaria Municipal de Serviços. "Entre as intervenções está a substituição de lâmpadas de vapor de sódio de aproximadamente 580 mil pontos de luz por luminárias de LED, que iluminam mais e são mais econômicas", detalha em nota ao DCI.